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História da Torcida Tricolor Independente

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História da Torcida Tricolor Independente Empty História da Torcida Tricolor Independente

Mensagem  Gustavo Oliveira Seg Fev 20, 2012 7:54 pm

História
O São Paulo Futebol Clube nasceu da revolta e do inconformismo e se manteve vivo pela determinação; nunca foi gratuito o qualificativo “clube da fé”.

Em 1930, o tradicional Club Athlético Paulistano dissolveu o seu time de futebol, por não aceitar transformá-lo em profissional, movimento muito forte que estava modificando a estrutura daquele esporte, ocasionando intensa luta, com muita política, entre a Liga Amadora de Futebol e a Associação Paulista de Esportes Amadores. No entanto, um grupo de sessenta sócios resistiu à idéia do desaparecimento do futebol. Afinal, o Paulistano estava ligado ao início do esporte no Brasil. Trazido da Inglaterra, o futebol aqui era jogado pelos ingleses, funcionários da São Paulo Railway depois, Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, em seguida Fepasa e de alguns bancos.

Em 1894, Charles Miller trouxe duas bolas da Inglaterra e organizou um time entre seus companheiros do São Paulo Athletic Club. Somente dez anos depois começaram a surgir times brasileiros, como o Mackenzie e o Esporte Clube Internacional.

Em 1900, com a fundação do Club Athlético Paulistano, o futebol foi organizado oficialmente e se passou a disputar campeonatos. Em 1925, o Paulistano realizou uma excursão pela Europa, considerada memorável pelas muitas vitórias. Aqueles sessenta sócios inconformados se juntaram e organizaram um clube, denominado São Paulo que, se tinha dinheiro, não tinha campo nem time. Naquele momento, surgiu a possibilidade de fusão com outro clube, a Associação Atlética Palmeiras (nenhuma relação com o Palmeiras atual, remanescente do Palestra Itália), que, se não tinha dinheiro, tinha campo e time. O campo era na Chácara da Floresta, nas proximidades da Ponte Grande, junto ao rio Tietê. Era, no dizer do historiador Pereira de Souza, “um simples parque de velhas figueiras entremeadas de coqueiros, tudo como a ocultar discreto Recreio, contemplando o velho Anhembi, transportando, de bubuia, batelões conduzindo areia, lenha e tijolos”.

A chácara ficava entre o Clube São Bento e o C. R. Tietê, chegando-se a ela por um corredor entre os dois. O gramado era de primeira qualidade, ainda que as instalações, em geral, fossem modestas, conforme relato feito por Carlos Eduardo Toledo, o Toledinho, que acentua: “Era o campo todo cercado por arquibancadas de madeira, com os vestiários para os jogadores embaixo da arquibancada principal, coberta. Os jogos do São Paulo lotavam o campo, cabia quinze mil pessoas. A torcida era grande e entusiasmada”.

A Associação Atlética Palmeiras tinha, no uniforme branco, uma faixa preta horizontal. O uniforme do Paulistano era vermelho e branco, portanto, realizou-se o óbvio. Conservou-se o branco, comum aos dois, acrescentando-se o vermelho de um e o negro do outro. Nascia o Tricolor.

Walter Ostrich (Oliver) foi o encarregado de desenhar o distintivo que resultou simples, com um visual limpo e moderno, um triângulo tricolor com as iniciais SPFC encimado. A reunião de fundação foi no dia 27 de janeiro de 1930, no número 28 da praça da República. Discutidos os estatutos, foi eleita a primeira diretoria, com Edgard de Souza Aranha como presidente.

A curiosidade é que entre os dezoito membros do Conselho Deliberativo figurava o jornalista Júlio de Mesquita Filho, de O Estado de S. Paulo. Vários jogadores do Paulistano se inscreveram imediatamente no novo clube: Friedenreich, Joãozinho, Cassiano Passos, Barthô, Clodô, Nestor, Mário Andrada e Sérgio.

Com algumas reformas, o campo da Floresta foi aberto ao público no dia 9 de março, com a realização do Torneio Início da APEA, quando o SPFC enfrentou o Ipiranga. Formiga marcou o primeiro gol do novo clube. No dia 16, no mesmo campo, era realizado o primeiro jogo do Campeonato Paulista daquele ano, tendo o São Paulo enfrentado o Ipiranga, empatando em 0 x 0.

O time: Nestor, Clodô e Barthô; Boock, Zito e Alves; Luizinho, Milton e Friedenreich; Seixas e Zanuela.

Como Souza Aranha era também presidente da Light & Power, as negociações para a iluminação da Floresta foram rápidas e no dia 28 de março foi realizado o primeiro jogo noturno de São Paulo. Um combinado paulista enfrentou e derrotou o Sportivo de Buenos Aires por 8 x 1.

Ainda em fase de organização, com problemas técnicos e administrativos, o São Paulo terminou vice-campeão, com onze pontos perdidos e uma só derrota. Friedenreich ficou em segundo lugar na artilharia, com 26 gols.

Neste ano, por causa da Revolução de 1930, não aconteceu o Campeonato Brasileiro, no entanto diversos times internacionais visitaram São Paulo. O Hakoah, de Israel, venceu um combinado formado pelo Palestra e pelo São Paulo por 3 x 1. No ano seguinte, após infindáveis modificações, pois o time foi mexido quinze vezes, usando-se 22 jogadores, o São Paulo ganhou o campeonato, com sete pontos perdidos, três à frente do vice. O técnico, Rubens Salles. O clube se consolidou razoavelmente, mantendo-se bem até 1934, quando comprou uma sede luxuosa, o Trocadero, mergulhando numa dívida enorme de 190 contos de réis.

Foi quando “os donos do clube”, na expressão de Toledinho, decidiram uma fusão, na verdade muito mais uma entrega do São Paulo ao C. R. Tiête que absorveu a dívida e o patrimônio do clube. Nova revolta dos associados que chegaram a fundar o Grêmio Tricolor, destinado a tentar preservar o São Paulo. Inútil.

Em 1935, o clube não existia mais, porém o velho inconformismo e a obstinação levaram um grupo a manter viva a idéia do São Paulo, o que significa que já existia então uma mística. Tanto que, a 4 de junho de 1935, nasceu o Clube Atlético São Paulo, na casa de Fernando Sampaio, com o apoio de 235 pessoas que assinaram a ata de fundação. Certa noite, durante uma reunião do CASP, na Liga Paulista de Futebol, na rua Xavier de Toledo, aconteceu uma enorme manifestação, com centenas de pessoas que não só pediam a volta do São Paulo, como ameaçavam ir para a rua Conselheiro Crispiniano depredar a mansão Trocadero, tida por todos como a causa da ruína do clube. A certeza da existência de que ser são-paulino era um ideal bastante arraigado sustentou a luta de um grupo que, hoje, é chamado de heróico.

26 de Janeiro de 1930
quando surgiu o São Paulo da Floresta

04 de Junho de 1935
quando surgiu o Clube Atlético São Paulo

16 de Dezembro de1935
quando finalmente surgiu o São Paulo F.C.

Mais de uma dezena de pessoas se reuniram, quase que diariamente, em dois locais: no escritório dos Mecca, comerciantes de cereais, e num café que existia na Galeria Pirapintigui, num prédio que ficava onde hoje se localiza o Banespa. Gente como o tenente Porfírio da Paz, Frederico Menzen, os irmãos Mecca, Júlio e Manuel, monsenhor Bastos, os irmãos Toledo, João Fernandes, Granville, Tomaz Mauri, Eolo Campos, Waldemar Albien, Jaime Roso, Matos Viana, Alcides Borges, Sprovieri, Edson Fonseca, Maestre, Pereira Carneiro, Reis Neves e o professor Barros. Às 10 da noite de 16 de dezembro de 1935, após quatro horas de reunião, ressurgia, definitivamente, o São Paulo Futebol Clube, tendo, como presidente, Manuel do Carmo Mecca.

No dia seguinte, Mecca e Del Debbio foram para Curitiba, em busca de jogadores, trazendo King, Segôa e José, enquanto Porfírio da Paz, diretor de esportes, buscava reforços em São Paulo. O primeiro treino foi na rua da Moóca, contra o C. A. Paulista que perdeu por 7 x 3. No dia 23 de janeiro de 1936, outro treino, contra o Palestra Itália que perdeu por 3 x 2. A estréia oficial ficou para o dia 25, aniversário da cidade, contra a Portuguesa Santista.

No dia anterior, inaugurou-se a nova sede, na praça Carlos Gomes, 38. Quase não se realizou o primeiro jogo. Havia uma parada na avenida Paulista e a Secretaria de Educação tinha baixado portaria proibindo manifestações que pudessem concorrer, retirando o público. Faltava pouco para o início do jogo, quando Porfírio da Paz, desesperado, foi para a Paulista, subiu no palanque e se aproximou do doutor Cantídio Campos, o secretário. Porfírio que, a vida inteira, foi um grande relações públicas, dono de um imenso sorriso e um ar ingênuo e simplório que mascaravam enorme astúcia, conseguiu o impossível. A autorização para a abertura dos portões, escrita num papel do bloco de receitas do doutor Cantídio.

Muitos consideram a data de 16 de dezembro de 1935 como a da verdadeira fundação do clube, mas Carlos Ferraz, que viu o primeiro jogo do SPFC, com 7 anos, e que mais tarde foi presidente do Conselho Consultivo, aponta um paráfrago dos estatutos de 35 que diz: “O SPFC, preservador das glórias e tradições do São Paulo da Floresta, fundado em 25 de janeiro de 1930…”

No final de janeiro de 1936, o São Paulo filiou-se à Liga Paulista e foi incluído no campeonato. A imprensa começou a chamá-lo de “Júnior” ou “clube número 2″, o que irritou os torcedores, até que uma campanha feita pelos dirigentes junto aos jornalistas colocou fim à questão. Após um artigo em A Gazeta Esportiva, publicado em 1937, o SPFC passou a ser chamado o “clube da fé”.

Em maio de 1935, um grupo de jogadores e diretores fundou o Estudantes, cujo modelo era o Estudiantes de La Plata, da Argentina. Um time que tinha bons jogadores, ótimo técnico e mais nada, nem campo. Conseguiu-se uma fusão com o C. A. Paulista que usava um campo na rua da Moóca, pertencente à cervejaria Antarctica e o novo clube passou a se chamar Estudante Paulista. Uma desastrosa excursão ao Peru e ao Chile, quando o empresário fugiu com todo o dinheiro, levou o Estudante à porta da falência. A situação foi se agravando, a tal ponto que, um dia, os jogadores, indignados, quiseram destruir a sede da Moóca, por falta de pagamento.

O São Paulo, por sua vez, era um clube simpático, popular e com uma grande torcida, todavia o time não tinha expressão técnica. Apesar da torcida, o quadro associativo era pequeno. Cada dia o treino era num lugar, a concentração dos jogadores era parte na casa do presidente, parte na torre da igreja da Consolação.

Em 1937, os dirigentes ouviram falar de um técnico que vinha fazendo bom trabalho com equipes de periferia. Foram observá-lo. Era um homenzinho gordo e bonachão, de fala mansa. Chamava-se Vicente Ítalo Feola. Foi contratado. Dirigiu o time até 1938, voltou em 1939, foi embora, retornou em 1941, ficou até 42. Outra vez no SPFC em 1947, até 1950. Voltou em 1955 e 56, outra vez em 59, quando se despediu como uma espécie de símbolo. Foi o treinador da Seleção Brasileira em 1958.

Estudante e São Paulo resolveram os seus problemas, em 1938, com uma fusão que provocou intermináveis debates internos. Como o Estudante estava em boa posição no campeonato, seus dirigentes queriam que o novo clube tivesse seu nome; são-paulinos rejeitaram a idéia. Feita a fusão, o São Paulo continuou São Paulo. Cedeu-se apenas na questão do presidente, escolhendo-se um elemento neutro, Piragibe Nogueira.

Para se ter idéia, o São Paulo forneceu apenas dois jogadores para o novo time, Felipelli e Eliseu. O restante veio do Estudante: Pedroza (mais tarde, presidente do clube), Agostinho, Inocêncio, Ponzoníbio, Lisandro, Mendes, Armandinho, Araken e Paulo. Terminaram vice-campeões. 1940 e 41 foram anos de organização interna, com a criação de diversos departamentos, como o de publicidade, o feminino, o de esportes aquáticos e o de futebol amador, infantil, juvenil e universitário.

Foi na festa de inauguração do Pacaembu, em 1940, que o São Paulo recebeu a denominação de “o mais querido”. Quando a sua delegação, a menor de todas as participantes dos festejos, surgiu na boca do túnel, foi recebida com uma avassaladora demonstração de carinho, com toda a assistência de pé. Os problemas da sede de campo de treino foram resolvidos com um bom negócio, oferecido por um clube alemão do Canindé. Era plena Segunda Grande Guerra Mundial e a situação de alemães e italianos no Brasil, por causa do Eixo nazi-fascista, mostrava-se difícil. Clubes como o Germânia e o Palestra Itália tiveram de mudar de nome, transformando-se em Pinheiros e Palmeiras. Até o Banco Alemão sofreu intervenção.

Com o Canindé, o São Paulo respirava. Não precisava mais da torre da igreja, nem dos favores do presidente. E formava-se o patrimônio. Era necessário, agora, pensar-se no time. O que se pode considerar uma brilhante jogada de marketing foi a contratação de Leônidas da Silva, o Pelé da época, apelidado o “diamante negro”.

O Flamengo vendeu-o por 200 contos de réis, a maior quantia paga até então, por um jogador. O alvoroço causado por Leônidas reflete-se no seu jogo de estréia: nada menos de 70.281 pessoas lotaram o Pacaembu, ainda hoje um recorde. SPFC contra Corinthians. O jogo terminou empatado, 3 x 3 e Leônidas não marcou. Marcaria depois todos os gols que o São Paulo precisava, firmando a sua legenda.

Nos próximos anos começaram a chegar os craques: Sastre, Noronha, Bauer, Zezé Procópio, Luizinho, Rui, Teixeirinha. O São Paulo ganhando campeonatos em 1943, em 1945 e 46 (bicampeão). Novo bicampeonato em 1948 e 49. Ídolos e mais ídolos enlouqueciam torcedores: Mauro, Remo, Friaça, Savério.

A década de 50, apesar de começar com uma crise financeira, seria memorável por uma razão. O que era um sonho – o estádio próprio – passava a ser realidade. Em 1952, Cícero Pompeu de Toledo, aconselhado por Luís Campos Aranha, procurou Laudo Natel, um hábil diretor do Bradesco, propondo-lhe que assumisse o São Paulo administrativamente, gerenciando-o como empresa. Era o embrião de uma idéia que se concretizaria plenamente na década de 90: o futebol profissional-empresa que geraria excelentes resultados; entrava-se na modernidade.

Colocando em ordem as finanças, Laudo Natel viu-se contagiado com a obsessão do estádio. Encontrando o terreno ideal – o que já indicava visão de futuro – no Jardim Leonor, o clube vendeu o Canindé e comprou 68 mil metros quadrados. Conseguiu-se da prefeitura e da Construtora Aricanduva mais 90 mil metros, como doação. Na tarde de 15 de agosto de 1952, monsenhor Bastos abençoou os terrenos e foi lançada a Campanha Pró-Construção do Morumbi.

Mesmo com todo dinheiro canalizado para a construção do estádio, o São Paulo conseguiu manter o nível técnico de sua equipe, ganhando os campeonatos de 1953, 1955 e o de 1957, quando contou com um admirável jogador, já com 35 anos, mas ainda com total domínio do meio-campo: o estilista Zizinho. Viria um longo período de jejum que duraria treze anos, durante os quais a diretoria viveria, comeria e dormiria com a idéia fixa de erguer o estádio. E no que era uma região em fase de loteamento, quase deserta, surgia o Morumbi, criação de Vilanova Artigas, um dos introdutores do modernismo na arquitetura brasileira.

Para o desenvolvimento do projeto foram necessárias 370 pranchas de papel vegetal. Cinco meses foram consumidos nas terraplanagens e escavações, com o movimento de 340 mil metros cúbicos de terra. Canalizou-se um córrego. O volume de concreto corresponde ao equivalente à construção de 83 edifícios de dez andares. Os 280 mil sacos de cimento usados, se colocados lado a lado, cobrem a distância de São Paulo ao Rio. Foram cinqüenta mil toneladas de ferro, o que dá para circundar a Terra duas vezes e meia.

Certa vez, em entrevista, Laudo Natel contou as dificuldades para a construção. Além da necessidade constante de dinheiro, havia que se contornar a oposição dentro do próprio São Paulo. Uns, condenando a localização. “Quem irá ver um jogo a tal distância? Nunca lotaremos o estádio!” Outros, preocupados com a frugalidade das verbas destinadas à equipe. “Seremos um estádio sem time.” À certa altura, chegou-se a sugerir uma troca. A prefeitura ficaria com o Morumbi e o São Paulo com o Pacaembu. Apoiado por Manuel Raymundo Paes de Almeida e toda a diretoria, Laudo Natel prosseguiu a batalha, após a morte de Cícero Pompeu de Toledo.

Terminadas as obras, não havia um tostão de dívidas. Ainda inacabado, o Morumbi foi inaugurado a 2 de outubro de 1960, com um jogo contra o Sporting, de Lisboa, que perdeu por 1 x 0. O estádio foi terminado em 1970. Custo: 70 milhões de dólares. Os torcedores se espantaram com uma novidade (outro pioneirismo do São Paulo). Traves redondas em lugar de quadradas, tradicionais, hoje abolidas no mundo inteiro.

Considerado o maior estádio particular do mundo, o Morumbi tinha capacidade para 150 mil espectadores. Curiosamente, o recorde foi batido em 25 de agosto de 1985 por 162.957 pessoas, nenhuma delas torcedoras de futebol. Era um congresso de Testemunhas de Jeová.

Os títulos começaram a voltar na década de 70, chamada “de ouro”. Pensava-se outra vez na equipe, contratações, as estrelas atraíam a torcida. Ídolos como Gérson, Pedro Rocha, Toninho Guerreiro, Terto, Valdir Peres, Forlan e técnicos como Zezé Moreira, Osvaldo Brandão, Telê Santana, Rubens Minelli (que levou o time a ser campeão brasileiro pela primeira vez).

Campeão paulista em 1970 e bicampeão em 1971. Outra vez campeão em 1975. Vice da Libertadores de América em 1974 e campeão brasileiro em 1977, num jogo dramático e histórico, em Belo Horizonte, quando o médio Chicão apelidado “o xerife”, só não fez chover, porque já chovia muito. Viriam os anos 80 e o embrião da modernidade em evolução.

Mudavam os tempos, reciclavam-se os conceitos de profissionalismo e o São Paulo, muito atento, analisava como enfrentar situações novas. Não bastava o fanatismo, o amor à camisa, a paixão, quando diretores tiravam dinheiro do próprio bolso, assinavam promissórias em branco ou se arvoravam em líderes únicos, messias salvadores.

Estas avaliações serviriam para a grande arrancada do final da década e princípios dos anos 90. Entre 80 e 90, o São Paulo participou de nada menos que dez decisões em diferentes competições. Ficou de fora de finais apenas em 1984 e 1988. Os anos 80 se iniciam com o Campeonato Paulista. Bicampeonato em 1981 (repetindo 1970/71). Ao tentar o tri, em 1982, deixou o título escapar; ficou com o vice. Outra vez finalista em 1983; outra vez vice. A contratação do técnico Cilinho proporcionou a implantação de nova mentalidade.

Trabalhar com valores jovens. Buscar elementos nas equipes inferiores. Montar uma equipe e mantê-la se entrosando, indiferente aos resultados. Usar métodos racionais na organização do departamento técnico. Promoveu-se Silas e Müller e trouxeram Falcão, “o rei de Roma”. Conclusão: campeão paulista em 1985, 87 e 89 e brasileiro em 1986. Estrelas como Careca, Pita, Dario Pereyra, Gilmar, Ricardo Rocha, Raí faziam os torcedores vibrarem. O time entrava nos anos 90 com Zetti, Cafu, Ronaldo, Palhinha, Válber, Cerezo. Gente de Seleção.

Com os anos 90, enfim, total modernidade.

O São Paulo dirigido como empresa. Um dos melhores técnicos de futebol do Brasil, Telê Santana, teve o respaldo da diretoria para empregar seus sistemas e filosofias, experimentações e inovações. Treinador exigente, Telê luta dentro e fora do campo.

Insurgindo-se não apenas com jogadores que não cumprem táticas ou fazem corpo mole (para Telê, não existem estrelas, sim competência), mas também vociferando contra maus juízes, cartolas, conchavos, violência e práticas antifutebolísticas. Por trás do trabalho de campo, existe a infra-estrutura que se apóia em forte tecnologia, com o uso, inclusive, da informatização. As programações são elaboradas, organogramas debatidos, os treinos computadorizados, cada jogador é longamente avaliado. Deste modo, o São Paulo conseguiu atravessar, incólume, uma intensa maratona de jogos, sendo que, em determinados períodos, entrou em campo a cada 48 horas.

Conquistando, entre 1990 e 1993, mais de vinte títulos, entre os campeonatos paulista, brasileiro e Libertadores da América. Feito apoiado num trabalho de equipe que, partindo do presidente, passa por todos os departamentos e elementos, chegando ao funcionário que, aparando a grama, possibilita as condições ideais para que a bola role suavemente de pé para pé. Facilitando a coordenação em conjunto de uma equipe que, no final de 1993, derrubou o todo poderoso Milan, tido em Tóquio como o favorito, obtendo o bicampeonato mundial interclubes.
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