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A Era Mestre Telê Santana

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Mensagem  Gustavo Oliveira Seg Fev 20, 2012 9:35 pm

Só quem viveu a Era Telê entende seu real significado. Só quem acompanhou todos os jogos do time ali na arquibancada, sabe a importância que teve o técnico Telê Santana na história do São Paulo. Sua passagem pelo Tricolor foi tão significativa que os anos 90 ficaram conhecidos como a Era Telê, mesmo que ele tenha ficado no Morumbi apenas metade da década.

Nascido em 26/7/31, Telê Santana da Silva foi um grande jogador e um excelente técnico por todos os lugares que passou. Estigmatizado injustamente pelas derrotas nas copas de 82 e 86, ganhou fama de pé-frio por montar grandes times que não ganhavam nada. Sua passagem pelo São Paulo serviu pra provar que bastava colocar o gênio de Telê no lugar certo, com os jogadores certos, que os resultados viriam. Em cinco glorioso anos treinando o São Paulo, Telê levou o time a vencer 10 títulos importantes (fora os torneios menores), entre eles, 2 campeonatos paulistas, 1 Campeonato Brasileiro, 2 Libertadores e 2 Mundiais de Interclubes. E a fórmula parecia até simples: jogar pra ganhar, sempre, em qualquer situação.

Telê começou a despontar para o futebol nos anos 50, como jogador do Fluminense, quando passou a ser conhecido como "Fio de Esperança" por sua incrível capacidade de estar sempre otimista, de nunca desistir mesmo nas horas mais difíceis. No Flu, ele arrematou vários títulos, tanto como jogador como treinador. Mas foi quando chegou ao São Paulo, em 1990, que ganhou projeção mundial ao tirar o time de uma pseudo-segunda divisão do Campeonato Paulista para ser bi-campeão mundial.


Projeção mundial como técnico do SPFC
Treinado por Pablo Forlan (que mesmo quando o time perdia, vibrava dizendo que os jogadores "jogaram como machos!"), o Tricolor fez um Paulistão ridículo em 1990, fruto da trágica administração de Juvenal Juvêncio do final da década de 80. Num dos jogos da repescagem, um domingão de manhã (de manhã!!!), o Tricolor chegou a jogar pra menos de 100 pessoas contra a Ponte Preta, sendo que a torcida da Ponte era quase maior que a nossa... E foi diante desse quadro que a diretoria, na figura de Carlos Caboclo, trouxe Telê para comandar o SPFC. Ele veio pra ficar três meses apenas, só pra ajudar o clube no Brasileirão. Ficou cinco anos e deu no que deu.

Logo de cara, Telê tirou o Tricolor do fundo do poço e o levou à final do Brasileiro, contra o Corinthians. Apesar de perder o título, Telê tinha a aprovação da torcida e, com um grande apoio das organizadas do SPFC, permaneceu no clube. O prêmio veio em seguida: campeão brasileiro de 91, em cima do Bragantino, numa melhor de duas partidas que teve apenas um gol, o de Mário Tilico, no primeiro jogo. No mesmo ano, arrasou o Corinthians na final do Paulistão, com um histórico 3x0 na primeira partida — e os três gols foram de outro ícone tricolor da década: "Monsieur" Raí.

Na Libertadores de 92, o primeiro grande título internacional do Tricolor: campeão em cima dos argentinos do Newell's Old Boys, com brilhante atuação do goleiro Zetti, segurando o pênalti que deu a taça ao SPFC. No Paulistão daquele ano, o Palmeiras inaugurou sua parceria com a Parmalat indo pra final com o São Paulo e tomando uma golada de 4x2 logo no primeiro jogo. No intervalo do primeiro para o segundo jogo da final, o São Paulo foi até Tóquio e ganhou o Mundial de Interclubes em cima do todo-poderoso Barcelona espanhol.

A comemoração desse título contou com um público recorde na Avenida Paulista de São Paulo, tanto que o jornal A Gazeta Esportiva, na época, calculou que um milhão de pessoas participou da festa (apenas a festa do Tetra da Seleção em 94 teve tanta gente lá). Era gostoso ouvir a massa em coro "Queremos Porco! Queremos Porco!", em alusão ao segundo jogo da final do Paulistão, que aconteceria na semana seguinte. Não deu outra: Tricolor campeão novamente humilhando a porcada.

O mundo abriu os olhos para o São Paulo. Na verdade, abriu até demais, e lá se foi Raí para o Paris Saint-Germain, da França. No Paulistão de 93, o SPFC foi eliminado depois de ser garfado num jogo contra o Corinthians (pelo juiz José Aparecido de Oliveira, aquele que era gerente de banco), que confirmou um gol em completo impedimento de Neto. Em contrapartida, o SPFC foi novamente pra final da Libertadores, desta vez, contra o chileno Universidad Católica.

Logo no primeiro jogo da decisão, 5x1 pro Tricolor; no segundo, os chilenos ganharam por 2x0, mas a taça era nossa. Antes de encarar mais um Mundial Interclubes, o SPFC ainda ganhou a Supercopa dos Campeões da Libertadores, em cima do Flamengo. No dia 12 de dezembro de 93, a Era Telê chegava ao seu ápice com o bi-campeonato Mundial de Interclubes no Japão, em cima do não menos todo-poderoso Milan, da Itália.


Mestre vencedor mesmo quando perde
Em 94, o sonho do tri-mundial se esvaiu na final da Libertadores contra o Vélez Sarsfield, com um escandaloso pênalti não marcado em favor do Tricolor e com uma cobrança de pênalti displicente de Palhinha que tirou o tri da Libertadores de nossas mãos em pleno Morumbi. A grande alegria de 94 foi mesmo o Expressinho Tricolor, o time B do SPFC que conquistou a Copa Conmebol daquele ano em cima do time principal do Peñarol e revelou grandes craques para o time principal.

A Era Telê começava a chegar ao fim e nuvens negras pairaram sobre o clube. O Morumbi foi interditado por falta de segurança e a galera era obrigada a ver os jogos espremida nas gerais. Em 95, o SPFC foi mal em todas as competições que participou e problemas de saúde obrigaram Telê a sair do clube e se aposentar para o futebol. Ele foi substituído por Carlos Alberto Parreira, que inspirava o coro mais ouvido nas arquibancadas, na época: "Fora Parreira, você só faz besteira!" A participação mais expressiva do São Paulo naquela época foram os vice-campeonatos do Torneio Rio-São Paulo (contra o Botafogo) e da Supercopa da Libertadores, contra o River Plate, da Argentina.

As glórias da Era Telê estavam definitivamente encravadas num dos capítulos mais importantes da história do clube, mas as lições deixadas pelo mestre não podem ser esquecidas. Homem de palavra, Telê renovava seus contratos verbalmente, não tinha contrato "no papel" com o clube, mas cumpria religiosamente tudo que combinava. Exigente, obrigava os jogadores a treinarem fundamentos exaustivamente para aprenderem o básico — e como isso faz falta hoje em dia, quando jogadores que ganham R$ 50 mil por mês não acertam passes de 10 metros. Além de tudo isso, Mestre Telê queria o time jogando sempre pra frente, procurando a vitória. Era comum observar o mestre aos berros, no lado do gramado, querendo que o time fosse para o ataque, mesmo já vencendo por 3x0.

Quem viveu a Era Telê na arquibancada, jamais vai esquecer. Era alegria atrás de alegria com fórmulas aparentemente simples, que parecem extremamente complicadas no contexto atual do futebol nacional. Não é à toa que todas as torcidas organizadas do São Paulo têm seu espaço reservado ao mestre Telê Santana, seja nas sedes, nas arquibancada ou em seus websites. Que outro time tem torcidas que fazem bandeiras específicas para técnicos que já se aposentaram? Além disso, sempre que o time vai mal, o coro ecoa nas arquibancadas: "Olê, olê, olê, Telê, Telê!" Mais do que um protesto, é quase um mantra para atrair bons fluídos e energia positiva para o time.

Mestre Telê nos deixou no dia 21 de abril de 2006, depois de uma década lutando contra uma grave isquemia cerebral. Mas seus ensinamentos, sua dignidade e sua força jamais vão desaparecer da memória dos são-paulinos. Mestre Telê jamais será esquecido! A Dragões teve a honra de homenageá-lo uma última vez (foto) antes da sua morte.


Títulos mais importantes da Era Telê (1990 - 1995)
- Campeonato Paulista 1991
- Campeonato Brasileiro 1991
- Campeonato Paulista 1992
- Copa Libertadores da América 1992
- Campeonato Mundial Interclubes 1992
- Copa Libertadores da América 1993
- Supercopa dos Campeões 1993
- Recopa Sul-Americana 1993
- Campeonato Mundial Interclubes 1993
- Recopa Sul-Americana 1994
Gustavo Oliveira
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